CLÁSSICA MÚSICAS DE PORTUGAL Acabado 1995, é oportuno fazer uma resenha sobre as contribuições das editoras discográficas para um melhor conhecimento, no ano que passou, da música escrita por portugueses. Não nos queixemos da quantidade, sabendo-se como é modesta a matéria-prima, se não (e só por vezes) em valor absoluto, mas no contexto relativo em que, quando vertida para o disco, qualquer obra entra em inevitável confronto directo com toda a música escrita, na mesma ou noutras épocas, nos mesmos ou noutros lugares. É com natural júbilo que começo por, tardiamente ("mea culpa"), assinalar uma edição que, não sendo, em rigor, de 1995, só neste último ano terá sido (nacional e internacionalmente) reconhecida como um dos mais belos discos de canto gregoriano alguma vez publicados. Refiro-me à "Liturgia de Santo António", cantada pelo Coro Gregoriano de Lisboa. Mesmo para quem (como eu) não seja incondicional apreciador do género, este disco impõe-se pela pura beleza e pela expressividade do canto, testemunhando o admirável trabalho de Maria Helena Pires de Matos à frente deste grupo de alunos, ex-alunos e professores do Instituto Gregoriano de Lisboa. Só por menor habilidade de "marketing", este disco não teve o êxito de vendas de congéneres servidos por estratégias publicitárias poderosas, atentas ao fascínio que o gregoriano subitamente passou a exercer sobre escalões etários e culturais diversos e inesperados (recorde-se a fulgurante ascensão aos "tops" do disco dos monjes de Silos). Mas ainda é tempo para minimizar a involuntária injustiça. Esgotem-no, amigos. Luís M. Alves |